Caminhões a diesel da Zona Franca de Manaus respondem por 48?s emissões de transporte no Norte

Relatório da Rede de Trabalho Amazônico revelou impactos do uso de combustíveis fósseis na região e mostrou que eletrificação poderia reduzir até 15,8 mil toneladas de CO2 por ano

Caminhões a diesel da Zona Franca de Manaus respondem por 48?s emissões de transporte no Norte

Os caminhões a diesel que abastecem a Zona Franca de Manaus (ZFM) são responsáveis por quase metade de todas as emissões do transporte na região Norte do Brasil, segundo o relatório “Caminhões a Diesel na Zona Franca de Manaus: Impactos e Alternativas Sustentáveis para a Logística Amazônica”. O estudo foi apresentado pela Rede de Trabalho Amazônico (GTA), membro da rede da Gigantes Elétricos, durante a COP30.

De acordo com a pesquisa, esses caminhões consomem 82 milhões de litros de diesel por ano — com graves impactos sociais, climáticos e à saúde. O GTA ainda informou que em áreas urbanizadas, como Manaus e em corredores logísticos como a BR-319, a emissão contínua de gases de escape por caminhões a diesel tem causado desequilíbrios nos padrões atmosféricos locais, afetando inclusive a composição química das nuvens e o regime de chuvas da região.

Além de a frota de caminhões que abastece a ZFM ser responsável por aproximadamente 48% das emissões de CO2 do setor de transportes na região Norte, há uma emissão significativa de óxidos de nitrogênio (NO?). Esse gás contribui para a formação de ozônio troposférico, reage com compostos orgânicos voláteis da floresta e afeta o ciclo de regeneração natural da vegetação.

Em relação à saúde, entre 2014 e 2022, as internações por doenças respiratórias em municípios amazônicos aumentaram 50%, gerando um custo anual de R$ 55 milhões ao sistema público de saúde do Brasil.  

O estudo também chamou a atenção para as consequências sociais e territoriais das grandes rodovias amazônicas — como a BR-319, BR-163 e a Transamazônica. Essas rotas aceleram o desmatamento, a grilagem de terras, atividades ilegais como garimpo e tráfico, e a pressão sobre territórios indígenas e comunidades tradicionais — muitas vezes sem consulta prévia, em violação à Convenção 169 da OIT. 

O estudo argumentou que o abismo entre as promessas globais e a falta de ação local expõe um grande risco de credibilidade para a indústria. Apesar das metas públicas de emissão zero, a Volvo e a Daimler — que dominam a frota de caminhões da região — ainda não venderam um único caminhão elétrico na Amazônia.

CAMINHÕES ELÉTRICOS NA ZONA FRANCA DE MANAUS

No entanto, os dados do relatório apontam que, com 12 estações de recarga rápida, a região poderia operar 300 caminhões elétricos, reduzindo o tempo de viagem em 15% e economizando 5,4 milhões de litros de diesel por ano.

A substituição parcial dessa frota por caminhões elétricos — mesmo no cenário conservador com mudança de apenas 10% da frota — representa uma redução estimada de 5,2 mil toneladas de CO2 por ano. No cenário moderado (30% da frota), a redução alcança 15,8 mil toneladas/ano.  

De acordo com a pesquisa, esses números não apenas impactam diretamente a qualidade do ar urbano e rural, como contribuem para o cumprimento das metas de descarbonização do Brasil no Acordo de Paris

Além disso, a eletrificação das frotas ao longo desses corredores sensíveis traria benefícios diretos como redução de ruído e preservação das paisagens sonoras naturais, eliminação das emissões tóxicas locais (NO? e PM2.5), menor risco de contaminação da água e criação de corredores de baixas emissões com monitoramento ambiental permanente.

Para garantir uma transição justa e sustentável, o relatório recomendou assegurar o consentimento livre, prévio e informado dos povos afetados, respeitar os protocolos comunitários de tráfego, implementar medidas de compensação ambiental e tecnológica — como energia solar e conectividade indígena — e garantir que a infraestrutura de recarga seja abastecida por fontes renováveis. 

 

Fonte: Redação - Mundo Logística

Via: Agência Logística de Notícias

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