Do fundo do mar para a mesa: pesquisa da Marinha desenvolve superalimentos a partir de algas marinhas Fonte: Agência Marinha de Notícias Acesse: https://www.agencia.marinha.mil.br/
Alimentos de alto valor nutricional podem ser desenvolvidos “in vitro” a partir de algas cultivadas em laboratório
Discretas, acompanhando o balanço das marés, as algas marinhas sustentam o equilíbrio do ar atmosférico e ainda guardam um potencial imenso para o futuro da alimentação humana. No Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), em Arraial do Cabo (RJ), elas estão no centro de pesquisas científicas voltadas à produção de superalimentos, sendo consideradas fontes ricas em proteínas, minerais e compostos bioativos capazes de promover saúde e sustentabilidade. O estudo é coordenado pela Pesquisadora Especial III da Marinha do Brasil (MB), Doutora Giselle Pinto de Faria Lopes.
O trabalho revela que as algas brasileiras, especialmente as do gênero Ulva e Gracilaria, possuem propriedades nutricionais comparáveis às das fontes convencionais de proteína vegetal, como a soja, e apresentam vantagens ambientais significativas. Seu cultivo demanda pouca água doce, não compete com áreas agrícolas e contribui para absorção de carbono e nutrientes em excesso dos ecossistemas costeiros.
Estudamos todos os parâmetros dos organismos marinhos, a morfologia, a fisiologia e o desenvolvimento a fim de utilizar esse conhecimento para produtos e processos biotecnológicos eficientes e sustentáveis para a área da saúde. Por exemplo, no caso da sustentabilidade de uma fazenda de macroalgas, além desse produto natural ser considerado nutricionalmente rico, impacta na biodiversidade e diretamente no sequestro de carbono através de sua fotossíntese, reduzindo o efeito negativo das mudanças climáticas”, esclarece a Doutora Giselle Lopes.
Além do uso alimentar, o grupo de pesquisa também avalia compostos extraídos das algas para aplicações farmacêuticas e cosméticas, ampliando as possibilidades de aproveitamento biotecnológico. A proposta é transformar o que antes era visto apenas como matéria-prima natural em um vetor estratégico de inovação azul, conceito que une desenvolvimento econômico e preservação dos ecossistemas marinhos.
As pesquisas desenvolvidas no IEAPM têm demonstrado que a biotecnologia de algas representa um campo fértil para o avanço científico e a geração de novos negócios no País. Em parceria com universidades e centros de pesquisa civis, o Instituto investe em técnicas de cultivo controlado, extração de biomassa e desenvolvimento de suplementos alimentares com alta concentração de antioxidantes e proteínas.
A partir de estudos da NASA, em que consideram a versatilidade do cultivo de microalgas no espaço e seu produto enriquecido em proteínas para seus astronautas, estamos pesquisando formulações combinando microalgas, cianobactérias, e outros produtos naturais terrestres a fim de fazer combinações palatáveis para o combatente, inicialmente. A segunda etapa prevista para o início do ano que vem será associar a suplementação com a otimização do desempenho físico e cognitivo dos voluntários. Em seguida, iremos ampliar para diferentes grupos, como pacientes oncológicos a fim estudar melhorias na sua qualidade de vida”, explicou a pesquisadora.
O trabalho também reforça o papel da MB como instituição promotora da ciência nacional - um esforço que vai além da defesa e se estende à segurança alimentar e à sustentabilidade dos mares.
O olhar do brasileiro sobre as algas
Mas, se o mar oferece tantas possibilidades, o que o brasileiro realmente sabe sobre as algas? Esse foi o cerne da pergunta que motivou outro braço da pesquisa coordenada pelo IEAPM, conduzido pela Doutora Giselle e por seus orientandos. O estudo, publicado no primeiro semestre deste ano na Revista Pesquisa Naval, ouviu diferentes grupos da população, desde moradores de regiões litorâneas até consumidores urbanos, com o objetivo de compreender a percepção, o consumo e o nível de conhecimento sobre esses organismos.
Os resultados revelaram um cenário ambíguo: apesar de o Brasil possuir uma das maiores faixas costeiras do planeta e uma biodiversidade marinha riquíssima, as algas ainda são pouco conhecidas e exploradas no cotidiano da população. A maioria dos entrevistados associa as algas apenas ao ambiente marinho ou à culinária oriental, sem reconhecer o potencial nutricional e ecológico que representam.
Essa distância entre o conhecimento científico e o público geral reforça a importância da divulgação científica - uma ponte que o IEAPM tem buscado construir por meio de projetos de extensão, exposições e parcerias com escolas e universidades. Neste ano, o grupo coordenado pela Doutora Giselle apresentou o estudo na “Rio Innovation Week”, a maior conferência global de tecnologia e inovação. Narcilo Quadros Cardoso, bolsista do Programa Associado de Pós-Graduação em Biotecnologia Marinha IEAPM/UFF, destaca que esse retorno à sociedade é o que os motiva a continuar pesquisando.
Nós fazemos ciência para a sociedade. Os resultados que geramos no meio acadêmico tem que voltar para ela em algum momento, e para isso, precisamos entender quais as necessidades da população. Esse artigo tem nos ajudado a entender em quais áreas podemos direcionar nossos esforços para gerar tecnologias que atendam as demandas da nossa comunidade.”
Para ele, o trabalho desenvolvido à distância também representou um exercício de escuta e de conscientização.
A ideia do artigo veio durante a pandemia, estávamos vivendo um momento de grandes incertezas, com grande parte das nossas pesquisas paradas por causa dos protocolos de distanciamento social. Nessa situação a Doutora Giselle viu uma oportunidade de continuarmos a fazer pesquisa mesmo a distância, utilizando uma ferramenta que hoje está nas mãos de praticamente todas as pessoas: a internet. Com ela, conseguimos escutar pessoas que estão distantes da nossa rotina dentro do laboratório e que merecem ser ouvidas’, finalizou o mestrando.
As conclusões desse levantamento reforçam que, antes mesmo de chegar à mesa, o desafio está em mudar a forma como as pessoas enxergam as algas: de “vegetação marinha sem valor” a uma fonte de alimento sustentável e estratégica para o futuro da humanidade.
Como ingressar nos programas de mestrado e doutorado do IEAPM
O IEAPM oferece mestrado e doutorado em Ciências do Mar e Biotecnologia Marinha, com inscrições abertas a civis e militares. Os editais são divulgados anualmente no site oficial do Instituto: www.ieapm.mar.mil.br.
Até o dia 14 de novembro deste ano, os interessados podem participar do processo seletivo para o Programa de Pós-Graduação em Acústica Submarina (PPGAS), que oferece dez vagas para o curso de mestrado acadêmico na área, com início previsto para abril de 2026. O programa, referência nacional na área, forma especialistas capazes de desenvolver pesquisas voltadas à propagação de som no ambiente marinho, ao monitoramento ambiental submarino e à comunicação e redes de sensores subaquáticos.
Além dessa oportunidade, o IEAPM também oferece mestrado em Biotecnologia Marinha, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). As inscrições são destinadas a profissionais graduados em áreas como Ciências Biológicas, Exatas e da Terra, e Engenharias. A seleção inclui análise do projeto de pesquisa, prova escrita de língua inglesa e entrevista, todas realizadas de forma virtual.
Com estrutura de ponta e corpo docente altamente qualificado, o IEAPM reafirma o compromisso da MB com a formação de recursos humanos especializados e a consolidação do conhecimento científico sobre o ambiente submarino.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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Via: Agência Logística de Notícias
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