Dia da Saúde na COP30 tem protagonismo médico e lançamento do Plano de Ação de Saúde de Belém
Movimento Médicos pelo Clima contribuiu para a construção do documento lançado hoje; articulação inclui ainda o lançamento Rede Saúde e Clima Brasil e participação em diversos painéis na Conferência
Nesta quinta-feira (13), a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) vai dedicar sua programação ao tema Saúde. O dia temático tem o objetivo de fortalecer o diálogo entre governos, cientistas e sociedade civil sobre os impactos do clima na saúde humana, além de discutir soluções para sistemas de saúde mais resilientes e inclusivos. Pioneiro no Brasil ao mobilizar a classe médica como agente de incidência climática, o Movimento Médicos pelo Clima, idealizado pelo Instituto Ar, espera que o Dia da Saúde abra caminhos duradouros para a consolidação desta pauta como eixo transversal da agenda climática.
A médica patologista e fundadora do Instituto Ar, Evangelina Araújo, afirma que ver a COP30 dedicar um dia inteiro ao tema saúde representa “um legado fundamental”. Segundo ela, incluir a saúde humana como eixo estruturante das negociações climáticas não é apenas simbólico, mas uma necessidade prática diante dos impactos que já se expressam nos consultórios, postos de saúde e prontos-socorros. “O Movimento Médicos pelo Clima tem um trabalho intenso de capacitação dos médicos, de levar o conhecimento sobre os impactos na saúde em relação à mudança do clima, para que eles possam atender os seus pacientes neste sentido”, diz a médica, que enfatiza: “Mas não basta conhecer os impactos, é necessário incorporar essa realidade à prática clínica com diretrizes e protocolos de atendimento específicos para o paciente cuja saúde foi afetada em função de eventos climáticos”.
Elaboração do Plano de Saúde de Belém
O Dia da Saúde na COP30 está sendo marcado pelo lançamento do Plano de Ação de Saúde de Belém, documento coordenado pelo Ministério da Saúde com apoio de instituições nacionais e internacionais, entre elas o Movimento Médicos pelo Clima. “O plano apresenta diretrizes e medidas práticas para que os países adaptem seus sistemas de saúde aos efeitos da crise climática”, explica Evangelina.
A participação do Movimento concentrou-se na inclusão de abordagens de saúde pública e do trabalhador, com propostas como: ampliar a proteção a profissionais da linha de frente, com equipamentos adequados e atenção psicossocial; criar protocolos claros para atender populações vulnerabilizadas durante eventos extremos; garantir financiamento para ações preventivas e integrar o cuidado climático à atenção primária.
Lançamento da Rede Saúde e Clima Brasil
Além de participar da construção do Plano de Ação de Saúde de Belém, o Movimento Médicos pelo Clima é um dos 15 fundadores da recém-lançada Rede Saúde e Clima Brasil, apresentada no último dia 11 durante a COP30. A articulação reúne centros de pesquisa, instituições públicas de saúde, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, povos indígenas e comunidades tradicionais em uma comunidade de prática colaborativa, plural e politicamente incidente.
A proposta da Rede é fortalecer a resposta aos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde da população brasileira, com ênfase nos territórios e grupos historicamente vulnerabilizados. Entre os compromissos assumidos pelas organizações estão: equidade em saúde, fortalecimento do SUS, articulação entre diferentes setores e saberes, integração entre ciência e conhecimentos tradicionais e rejeição a vínculos com setores que atuam contra a saúde pública ou a preservação ambiental.
As organizações fundadoras são: Instituto Ar, Médicos pelo Clima, Projeto Saúde e Alegria, Rede Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Projeto Hospitais Saudáveis, SAMA Health in Harmony, Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Uma Concertação pela Amazônia, Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), Catalyst Now, ASEc+, Associação Beradeiro, Instituto Mamirauá, DNDi (Drugs for Neglected Diseases initiative) e Instituto Árvores Vivas. O Médicos Sem Fronteiras Brasil (MSF-Brasil) participa como membro-observador.
Agenda de atividades começou antes da COP e inclui dois painéis no Dia da Saúde
Desde antes do início da COP, o Movimento Médicos pelo Clima está atuando pelo protagonismo da saúde nas negociações. Em outubro, liderou a entrega da carta Pela saúde no centro da ação climática à enviada especial da COP30, a epidemiologista e enfermeira Ethel Maciel. O documento reuniu recomendações para que a saúde pública seja tratada como eixo estratégico nas negociações climáticas e recebeu mais de 250 assinaturas, incluindo 70 organizações, movimentos e empresas, com a proposta de que o Brasil lidere um esforço internacional pela transversalidade da saúde nas políticas climáticas.
A iniciativa também tem articulado uma intensa agenda de atividades para ampliar o debate sobre saúde e crise climática durante a Conferência. No dia 10 de novembro, realizou duas oficinas reunindo profissionais da saúde, comunicadores, ativistas e representantes da sociedade civil. Para o Dia da Saúde, terá representantes em dois principais painéis. Às 16h desta quinta-feira, Evangelina Araújo vai participar do painel "O impacto das mudanças climáticas e da poluição do ar na saúde respiratória", na Casa Brasil Belém. Com mediação de João Bernardo Casali, o debate reunirá diferentes perspectivas sobre como a crise climática afeta diretamente a saúde humana. Evangelina vai apresentar experiências concretas de políticas públicas que vêm promovendo benefícios à saúde da população e ao meio ambiente, como a eletrificação da frota de ônibus em São Paulo e o conceito das “cidades de 15 minutos” adotado em Paris.
A pneumologista Maria Enedina Scuarcialupi, embaixadora do Médicos pelo Clima no Nordeste, estará no mesmo painel para oferecer uma visão da prática clínica e os impactos reais observados no atendimento de pacientes com doenças respiratórias agravadas por eventos extremos e má qualidade do ar. O evento também terá a presença de Marco Ruggiero, presidente da Chiesi Brasil, que abordará os compromissos da indústria no enfrentamento à poluição.
Mais tarde, às 18h15, Evangelina estará no painel "Saúde e Clima", na Casa das 11 Janelas, ao lado de representantes do projeto Vozes do Oceano e de outras organizações convidadas. O encontro pretende aprofundar o debate sobre a interdependência entre saúde, mudanças climáticas e justiça socioambiental, reunindo especialistas, setor público, instituições de pesquisa e sociedade civil. A proposta é discutir soluções colaborativas que fortaleçam os sistemas de saúde, ampliem as ações de prevenção e adaptação, e contribuam para a redução das desigualdades.
Ações continuarão nos próximos dias
No dia 14, às 15h, será promovida uma roda de conversa na Cas’Amazônia com 20 lideranças nacionais e internacionais para discutir os desdobramentos do Dia da Saúde e fortalecer colaborações multissetoriais. A líder do Movimento Médicos pelo Clima, Brenda Kauanne, será uma das painelistas.
Já no dia 18, às 9h, no Pavilhão de Super Poluentes (Zona Azul), a coordenadora de projetos internacionais do Instituto Ar, Patricia Ferrini, vai apresentar um projeto piloto que combina tecnologia de IA e brigadas comunitárias para combater incêndios na Amazônia e reduzir carbono negro. Por fim, às 10h30 do dia 21, a médica embaixadora pelo clima Danielle Bedin esatrá no painel Health Voices for Equitable Phaseout of Fossil Fuels, no pavilhão da OMS (Zona Azul), reforçando o papel do setor saúde na transição energética justa. “A missão do Instituto Ar é defender a saúde frente à mudança do clima e isso significa levar informação à população, sensibilizar gestores e preparar os profissionais de saúde para esse novo cenário. O Brasil já está sofrendo com eventos extremos, cada região com suas particularidades, e nós precisamos agir agora. A mudança climática está acontecendo neste momento. Se não cuidarmos agora, os estragos serão ainda maiores no futuro”, conclui Evangelina.
Sobre o Movimento Médicos pelo Clima
Pioneiro no Brasil ao mobilizar a classe médica no enfrentamento à mudança climática e à poluição do ar, o Movimento Médicos pelo Clima foi criado pelo Instituto Ar em 2020 e atua três frentes principais: advocacy, produção e disseminação de conhecimento científico e mobilização da classe médica. Com mais de 15 mil profissionais de saúde alcançados e presença em espaços decisivos de debate, Médicos pelo Clima integra redes como a Coalizão Clima, Crianças e Adolescentes, a Aliança Global Clima e Saúde e o Grupo de Trabalho Saúde Única da Sociedade Brasileira de Pediatria. Suas ações incluem publicações técnicas, eventos, iniciativas educativas e mobilizações públicas, reforçando a saúde como elemento central na agenda climática. Mais informações em: institutoar.org.br/medicospeloclima
Sobre o Instituto Ar
O Instituto Ar é uma organização sem fins lucrativos fundada por médicos, acadêmicos e profissionais do mercado comprometidos com a causa ambiental. Com mais de 16 anos de atuação, consolidou-se como referência na conexão entre saúde, clima e qualidade do ar. Protege a saúde humana por meio do enfrentamento às mudanças climáticas e da poluição atmosférica, transformando conhecimento científico em ação, influenciando políticas públicas e mobilizando a sociedade por um ar e um clima mais saudáveis. Saiba mais em: www.institutoar.org.br
Fonte: Stephane Sena - DePropósito Comunicação de Causas
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