Indústria brasileira de dispositivos médicos acelera diversificação e mira o mercado asiático

Com mudanças no comércio internacional e tarifas mais altas nos EUA, o Setor amplia esforços de inserção na Ásia e reforça a competitividade da saúde feita no Brasil

Indústria brasileira de dispositivos médicos acelera diversificação e mira o mercado asiático

A indústria brasileira de dispositivos médicos vive um momento de reposicionamento no cenário global. O aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos — que reduziu em 30% as exportações brasileiras para o país em agosto, primeiro mês de vigência da medida — reforçou uma estratégia que já vinha sendo adotada há anos pelo setor: a de diversificar mercados e reduzir a dependência de poucos destinos. Sob a liderança da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), essa agenda de internacionalização vem se consolidando com a expansão de empresas brasileiras em polos estratégicos como China, Japão e Índia, que reúnem alguns dos mais importantes centros globais de consumo e produção de tecnologias em saúde. 

Segundo levantamento da ABIMO com base em dados oficiais de comércio exterior, as exportações brasileiras do Setor somaram US$ 761,7 milhões entre janeiro e agosto de 2025, alta de 6,8% com relação ao mesmo período de 2024. A Ásia responde por 7,2% das vendas externas no acumulado do ano — com retração em agosto —, o que reforça a necessidade de uma inserção consistente e gradual, apoiada por agendas regulatórias e parcerias tecnológicas. “A estratégia da indústria brasileira não é substituir mercados, e sim diversificar sua atuação internacional. A Ásia reúne países que investem fortemente em inovação em saúde e valorizam qualidade. O papel da ABIMO é abrir caminhos, qualificar empresas e dar previsibilidade para que esse movimento avance com segurança”, diz Larissa Gomes, Gerente de Projetos e Marketing da ABIMO. 

Hpbio: acesso inédito ao mercado chinês   

A Hpbio, fabricante brasileira de dispositivos médicos associada à ABIMO, obteve o registro para sua válvula programável no mercado chinês de neurocirurgia — um dos mais rigorosos do mundo em avaliação técnica e regulatória. O processo incluiu inspeções locais, validações em laboratórios de referência e treinamento clínico. “O registro representa um marco para a Hpbio e para a indústria brasileira”, diz Flávia Rodrigues Carvalho, diretora de Negócios Internacionais da Hpbio. “Entrar na China comprova a robustez tecnológica e a credibilidade internacional das soluções desenvolvidas no Brasil.” 

O implante - feito em polysulfona com revestimento em silicone e conectores em titânio - foi pensado para proporcionar precisão no controle e facilidade no ajuste da pressão que pode ser feito por um dispositivo magnético não invasivo e indolor ao paciente, além de segurança contra desprogramação com um sistema de duplo travamento.   

Considerando a qualidade e inovação do produto, o distribuidor decidiu investir diretamente no processo de registro, arcando com a revalidação de todos os testes já realizados no Brasil, agora em laboratórios chineses, uma exigência regulatória local. A pandemia atrasou os planos, e o que poderia ter levado três anos se estendeu por cinco. A autorização saiu apenas no início de 2025, após inspeção presencial do governo chinês na fábrica da Hpbio em São Paulo (SP). 

Alliage: expansão global a partir do Japão   

Já a Alliage, associada à ABIMO referência latino-americana em tecnologia médica e odontológica, assumiu os negócios da japonesa PreXion, referência mundial em tomógrafos odontológicos, ampliando sua presença em mercados de alta exigência tecnológica.   

A transação, oficializada em setembro de 2025, marca um novo capítulo na história da PreXion, que terá seu centro de inovação transferido de Tóquio para a Califórnia (EUA), fortalecendo a integração internacional das operações. 

Com a incorporação, a Alliage consolida-se como uma das principais fornecedoras globais em diagnóstico por imagem 3D. “Ao integrar a PreXion, a Alliage reforça sua posição e compromisso com o avanço da imagem 3D e da odontologia digital em escala global”, afirma Caetano Biagi, CEO da Alliage. “O intercâmbio tecnológico Brasil–Japão acelera nossa capacidade de inovação e entrega de valor.” 

“Esses casos mostram que o Brasil deixou de ser apenas fornecedor para se tornar parceiro estratégico no desenvolvimento de tecnologias médicas”, complementa Larissa Gomes. “Mesmo em um cenário volátil, a indústria responde com inovação, qualidade e presença internacional, e a ABIMO seguirá impulsionando essa agenda com dados, promoção e apoio regulatório”, comenta. 

Os principais segmentos exportados do Brasil para a Ásia são médico-hospitalar (55,9%), laboratorial (19,2%) e odontológico (16,5%), abrangendo desde dispositivos de precisão e artigos de laboratório até equipamentos digitais de diagnóstico. Novas iniciativas de cooperação regulatória e tecnológica estão em andamento para fortalecer a presença brasileira no continente. 

Sobre a ABIMO    

A ABIMO - Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos representa a indústria brasileira de produtos para a saúde que promove o crescimento sustentável no mercado nacional e internacional. Fundada em 1962, a instituição conta com mais de 300 associados e surgiu a partir da ideia de 25 fabricantes de produtos médicos e odontológicos com o objetivo de fortalecer, organizar e regulamentar o segmento. Nesses anos de trabalho, a ABIMO expandiu suas operações de suporte à cadeia produtiva através de conselhos e grupos de trabalho, os quais respondem por todos os aspectos técnicos, operacionais e associativos do setor.  

  

Fonte: Luísa Bittencourt 

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Via: Agência Logística de Notícias

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